terça-feira, 13 de abril de 2010

O Rato

Minha vida é cheia de emoções. Quando penso que tudo acalmou, um fato inusitado acontece.
Eu, tristonha ainda da morte do meu Rick, meu amado cachorrinho, deitada no sofá num fim de domingo e ameaçando uma chuva das boas, sofro um solavanco da minha cadela Nikita.
Intrigada com a atitude brusca da cachorra levantei-me e fui conferir se era alguma barata. Nada, deitei-me novamente e ela no mesmo sofá que eu permanecia de orelhas em pé. Como a chuva começou a cair, fechei a janela da varanda. Foi nesse momento que o interfone tocou.
Levantei meio que com má vontade e ao atender, notei uma voz que não conhecia, masculina, nervosa, dizendo ser meu vizinho e que estava me prevenindo... Um rato entrara na minha área.
É um trote, pensei. Meio atordoada com a notícia ainda perguntei:
- Rato?Como?É grande ou pequeno?
Ora, o que importava na real situação? Era um rato. O rapaz desandou a rir e eu não querendo acreditar naquela história que mais parecia um trote, ri histericamente.
Pensei em abrir a porta, mas ele poderia entrar, o rato, claro! Eu precisava pensar e nervosa não penso em nada.
-Nikitaaaa!!!! Cadê o ratooo!!!??Gritava eu.
Minha valente cachorra apenas abanava o rabo e focinhava a porta.
Mesmo sob aquela loucura toda, acreditei que dentro de casa ele não entraria.Fechei as janelas que pude. Lembrei-me do basculante da cozinha que estava aberto. Droga de companhia de gás que lacra os nossos basculantes os deixando abertos para ninguém sofrer acidente algum, mas o rato é um acidente e dos grandes! Danificar a janela na tentativa de fecha-lo, eu o não faria.
Corajosamente fui abrindo a porta da rua onde por trás deparei-me com meu prestativo vizinho, um jovem bastante destemido, munido de uma vassoura quase sem piaçava alguma.
- Posso matar para a senhora, com uma única vassourada! E chamou reforços. Junto com ele veio um exército de ajudantes armados de rodos e vassouras. Agradeci aliviada.
Uns tentavam fechar o maldito basculante, outros faziam cerco ao animal e uma jovem estudante de biologia ilustrava a busca numa narrativa acerca da vida deste infeliz roedor.
Eu, já cansada do movimento resolvi dar por encerrada as buscas. Dispensei os voluntários, pois o animalzinho coagido não sairia de seu esconderijo tão cedo.
- Qualquer problema é só me chamar! Acho que hoje ele não ataca mais. Despediu-se o pretenso herói.
Peguei minha cachorra e coloquei-a no quarto comigo. Não durou muito e o bicho saiu do esconderijo, debaixo do deck da piscina.
Não era pequena, uma jovem ratazana e não sei bem porque parou e olhou-me pelo vidro da porta. Enchi de ar meus pulmões e gritei: Um Ratooooooo!!!!!!Nikitaaaaaaaa!!!!!!!!! FAZ ALGUMA COISA!
Ora, eu ainda não a tinha visto e acho que com o grito, ela entrou em pânico e voltou a se esconder. Nós duas estávamos apavoradas! Eu e a ratazana, claro!
Ela existe! É verdade! O que eu faço?
Tranquei-me com a Nikita no quarto até de manhã. Segundo a explanação da bióloga, os hábitos do roedor são noturnos.
Pela manhã fui trabalhar, mas chamei uma firma de desratização que entrou em ação.
Talvez não precisasse, pois o zelador pela manhã achou um rato na garagem e sem titubear deu-lhe um pontapé que o matou instantaneamente.
O Pobre bicho deve ter tentado sair da minha área e caído lá de cima. Diz o zelador que o roedor estava encolhido num dos degraus. Para garantir, a firma espalhou algumas armadilhas no prédio e no meu apartamento. E se não fosse o mesmo animal?