terça-feira, 12 de maio de 2009

Letras de músicas e poesias, dizem por mim o que eu gostaria de falar em determinados momentos. Adoro músicas ,versos, prosas e principalmente melodias.
Poucas vezes fiquei doente de verdade, doenças sérias. Quando isso acontecia, ficava extremamente dengosa, pedindo colo...Pois é, chegamos numa fase da vida que ninguém mais te dá colo, ninguém mais te mima. Aí vem a lembrança do aconchego da mãe, da irmã mais velha...do gosto bom da chupeta para calar o choro manhoso...do contato do braço frio e gordo da mãe, junto ao seio volumoso e aconchegante. Do pratinho da louça inglesa com a vaquinha no fundo, da sopinha de pão com a nata por cima salpicada com açúcar e canela, da aula cabulada, das histórias de contos de fadas intermináveis e o melhor de tudo, das melodias cantaroladas por minha mãe que lhe aguçavam memórias adormecidas.
Dessas melodias geralmente o tango era o que eu mais gostava, principalmente o "UNO". Achando que eu pegara no sono, ela me deixava ali, no sofá, e ia para o piano. Tocava o "Rêve D'Amour" de Lizst, com um sentimento que ainda não encontrei ninguém que o tocasse tão bem, e mais algumas outras canções de Piaf.
Eu, ainda febril, permanecia deitada no sofá achando a melodia mais triste do mundo e chorava...No meu torpor, ouvia o tilintar de chaves na porta. O piano cessava, meu lamento interrompia e ganhava meu prêmio, o afago mais gostoso e apertado, o colo mais alto do mundo, com a atenção mais paciente e com cheiro de loção de barba...então o mundo ficava pequenino da minha torre de amor!

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