domingo, 26 de abril de 2009

O COENTRO




Não sei bem quando e como a minha repulsa pelo coentro começou. Tenho uma verdadeira ojeriza por esse tempero. Cheguei mesmo a pesquisar na Internet todas as possíveis traduções da palavra “ coentro”, para quando viajasse pelo mundo não pedisse prato algum com esse tempero.
Minha mãe era cearense e como uma boa cearense, adorava peixe com pirão. Para o nordestino o prato sempre pede coentro. Toda vez que ia a feira, enchia as sacolas com vários molhos. Meu pai, vendo as sacolas que ela trazia da feira, jogava a metade fora e eu, numa cumplicidade filial , ria e me mantia num silêncio sepulcral. Voltávamos para a sala, rapidamente, fugindo do local do crime, ouvindo-a praguejar e amaldiçoar o pobre do feirante que nem fazia idéia do que acontecia. Ladrão era pouco ...Na semana seguinte a cena se repetia...
Minha família, gostava muito do bendito coentro e eu perambulava pela casa enauseada com o cheiro que pairava no ar. Era um exagero ao meu ver, colocavam-no em tudo, só faltava pô-lo nos doces... Com os anos , não melhorou não , e me vi em muitas situações constrangedoras tendo que engolir garfadas de comida que continham o bendito coentro, seguidas de grandes goles d’ água...
Tenho tentado, juro que tenho , a gostar do tal tempero e quando não acho nenhuma folhinha verde na comida, até como.
Ainda hoje, minha irmã que me ama muito, faz dois pratos separados, um com coentro e outro sem, para mim , claro!

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