domingo, 26 de abril de 2009

O COENTRO




Não sei bem quando e como a minha repulsa pelo coentro começou. Tenho uma verdadeira ojeriza por esse tempero. Cheguei mesmo a pesquisar na Internet todas as possíveis traduções da palavra “ coentro”, para quando viajasse pelo mundo não pedisse prato algum com esse tempero.
Minha mãe era cearense e como uma boa cearense, adorava peixe com pirão. Para o nordestino o prato sempre pede coentro. Toda vez que ia a feira, enchia as sacolas com vários molhos. Meu pai, vendo as sacolas que ela trazia da feira, jogava a metade fora e eu, numa cumplicidade filial , ria e me mantia num silêncio sepulcral. Voltávamos para a sala, rapidamente, fugindo do local do crime, ouvindo-a praguejar e amaldiçoar o pobre do feirante que nem fazia idéia do que acontecia. Ladrão era pouco ...Na semana seguinte a cena se repetia...
Minha família, gostava muito do bendito coentro e eu perambulava pela casa enauseada com o cheiro que pairava no ar. Era um exagero ao meu ver, colocavam-no em tudo, só faltava pô-lo nos doces... Com os anos , não melhorou não , e me vi em muitas situações constrangedoras tendo que engolir garfadas de comida que continham o bendito coentro, seguidas de grandes goles d’ água...
Tenho tentado, juro que tenho , a gostar do tal tempero e quando não acho nenhuma folhinha verde na comida, até como.
Ainda hoje, minha irmã que me ama muito, faz dois pratos separados, um com coentro e outro sem, para mim , claro!

A FUNCIONALIDADE DAS COISAS

O que esperamos de um objeto? Que ele sirva para alguma coisa e de preferência, para aquilo que foi inventado. Certo? Deveria ser assim, mas nem sempre é o que acontece. Ele funciona por um tempo até o dia que ele decide pifar, assim, sem mais nem menos. Sem nunca ter lhe perguntado se poderia pifar, ele pifa. Pronto!
Agora, você está com uma cara de trouxa esperando que um milagre aconteça. Que “algo” surja do nada em teu socorro, mas...nada acontece. Mesmo assim, você decide fazer alguma coisa para avivá-lo: enfia um arame, torce um parafuso, liga para um técnico, que só pode vir depois de amanhã. É uma agonia! Você sai, dá uma volta, pensa e espera, talvez a dança do milagre aconteça e mais uma vez, você tenta e tenta. Nada, nada, nada. Tudo enguiçado.
Surge a idéia do tranco. Um tapa talvez, um solavanco, que tal um pontapé? Pensamento idiota esse, mas antes isto funcionava tão bem!
Você se segura, mas mirando o alvo, bem na boca do estômago daquela coisa, conta até três e no meio do lance pára. Tenta mais uma vez...quem sabe agora? Nada, nada!!
Liga a TV para espairecer, SE FUNCIONAR É CLARO!
A sua paciência já foi para o espaço e derrotado respira fundo. Pensa: QUEM SABE, AMANHÃ FUNCIONE...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Magdalena


Pensou em como seria bom caminhar sem ter hora para voltar. Caminhar sem ter destino pra chegar, apenas caminhar. Sentir o vento da primavera que começava a bater no seu rosto. Pensou em como seria bom tirar o chapéu e soltar os cabelos contra o vento e tirou. Sentiu a liberdade batendo em seu peito e fêz força para que ela entrasse. Segurava um embrulho e pensou em atirá-lo na primeira lata de lixo ...Deu mais alguns passos e parou em frente a uma loja , quando a buzina de um carro a trouxe para a realidade. Segurou forte a carteira que levava , aproveitou o seu reflexo no vidro da vitrine e recolocou o chapéu graciosamente meio de lado . Entrou na loja e atrapalhadamente deixou as luvas caírem. De repente, mas muito rápido, ouviu uma voz que a fez estremecer .

" - Deixou caírrr ..." Assustada, encarou aquele olhar por muito tempo e perdeu a noção de quanto tempo ficou ali , parada . Então, recebeu das mãos dele as luvas esquecidas junto com o cartão. Não conseguiu sequer ler o que estava escrito . Continuaram a se olhar por mais tempo ainda e nesse instante, souberam que essa sensação iria durar muito mais. Talvez a vida toda.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Obelisco da Av Rio Branco

Dá para imaginar o aterro do Flamengo no lugar de tanto mar?
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